Pelas ruas da cidade
por Rebeca
Sexo oral inspira beleza. É difícil você desensacar um pau enrugado, ou xoxo, daqueles meia-bomba que nunca viram pedra. Mas se ele for consistente, ereto, cor uniforme, de preferência decapitado, nem virado para a esquerda nem para a direita, ah, daí você não consegue esquecer. A boca saliva.
E ele tinha um desses. Chegava perto de mim e o pau queria saltar para fora –a melhor pílula de auto-estima para uma mulher. Toda vez que voltávamos da balada, o caminho pela cidade era muito longo para poder esperar. Quanto mais semáforos houvesse pelo caminho, mais gostoso era chupá-lo.
Ficava louca de pensar que alguém estivesse nos espiando pelo carro ao lado no sinal fechado. Mais louca ainda de perceber que ele se contorcia para se controlar, para ninguém perceber que ele queria urrar de prazer. E falava baixinho, contido, algo que nunca entendi, mas sempre me pareceu “não pare, não pare”.
E o sinal vermelho se demorava, e aquele pau ardia na minha boca. Duro. Concreto.
O curto caminho dentro da cidade deixava tempo para que ele ficasse no limiar: quase gozava de tanto tesão, mas queria mais. Queria subir o elevador já enfiando o dedo em mim, sentindo que eu derretia por dentro.
E enfiava seu pau em mim ali mesmo, sem desgrudar até abrirmos a porta de casa. A porta se fechando parecia o gongo: hora de gozar. E se espremia em cima de mim no chão do corredor, tremendo.