X de Sexo https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br A cama é de todos Mon, 22 Nov 2021 13:00:59 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Rotina nossa de cada dia https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/18/rotina-nossa-de-cada-dia/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2021/10/18/rotina-nossa-de-cada-dia/#respond Mon, 18 Oct 2021 19:19:45 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=3219  

Por Carmen

 

Uma amiga solteira dizia o quanto se sente sozinha desde o início da quarentena. Outra, que não tem o mesmo ímpeto para o sexo que seu “namorido” – por ele, transaria todos os dias, de manhã e de noite; por ela, com sorte uma vez na semana. Inevitável pensar na minha própria rotina sexual. Chegando à grande questão: por que deixamos parte da nossa libido mais adormecida, sempre que temos a ilusão de um amor para chamar de nosso (ou supostamente à disposição)?

A indagação serviu de incentivo. E mesmo com a agenda corrida, o trabalho e a louça na pia acumulados em igual proporção, resolvi testar algo mais trivial. Um resgate de amor-próprio e tesão, pelo privilégio de estar viva. Aconteceu assim…

 

casal na cama
Crédito da foto Unsplash/We VibeToys

 

Quando meu namorado saiu naquela manhã, tomei um banho mais demorado, e com uma playlist de levantar o astral. Escolhi uma lingerie daquelas que separo para dias especiais, uma camisa bem confortável (dele), desabotoada estrategicamente até a altura dos seios, mais uma sandália que deixasse os pés bonitos e à mostra e um par de brincos esvoaçantes.

Ainda dediquei algum tempo na make, algo que não fazia há meses dada a rotina dentro de casa. Olhos esfumados mais escuros, como usaria em uma balada, batom com um toque de boca molhada. Caprichei no hidratante corporal e no perfume. Depois, me sentei para trabalhar na mesa da sala, como de costume.

Não tinha reuniões programadas naquele dia e não precisaria explicar a produção para ninguém. Trabalhei algumas horas, me sentindo mais poderosa, o que ajudou até na minha produtividade. A certa altura, tive vontade de pegar um dos meus “vibros” na gaveta. Algo espontâneo.

Enquanto preparava uma apresentação importante, me permiti sentir a delícia de um carinho discreto, afinal, na vida, a gente também precisa aprender a se dar prazer. Um prazer diário, de preferência em cada experiência, seja cuidando da casa, seja apenas conosco, seja com quem nos faz bem. Passei horas assim, excitada, vivendo o momento presente – e sem querer gozar. O melhor ainda estava por vir.

Já anoitecia quando abri um vinho. E de tão relaxada e à vontade nesta minha versão profissional-sexy-que-se-basta, me surpreendi com o barulho da porta abrindo. Passada a distração inicial, meu namorado me viu e ficou em silêncio. Não permiti que falasse.

Olhei nos olhos dele, dei mais um gole da bebida, me levantei e caminhei até ele, beijando-o com a boca do meu melhor desejo. Coloquei a mão sobre a calça dele, logo por dentro da cueca até sentir seu pau molhado. Cheirei o pescoço, senti a barba na minha pele. Desabotoei a camisa, mostrando a lingerie. Senti a boca dele por cima da minha calcinha, os dedos dentro da minha buceta e passeando pela minha bunda. Chupei-o até que pedisse: “Deixa eu te comer bem gostoso”. “Vem, amor. Esperei o dia todo por isso”, sussurrei fechando o computador.

(Dormi pensando em dizer à amiga enamorada que aproveite mais o seu par, e à solteira que curta mais de si mesma. Vamos lembrar do bom e do bem de viver à flor da pele, apesar da rotina.)

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Não é você, é a quarentena https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2020/05/18/nao-e-voce-e-a-quarentena/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2020/05/18/nao-e-voce-e-a-quarentena/#respond Mon, 18 May 2020 14:06:26 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2937 Por Carmen

A gente transava umas três vezes por semana. Eu encarava a virilidade dele como um elogio pessoal. O pau dele atingia o máximo de inchaço e rigidez logo após uma boa dose de sexo oral…em mim! Não podia ser melhor. Chupá-lo logo depois era incrível, a memória da sensação da glande em formato de cogumelo vibrando na ponta da minha língua e tocando meus lábios é uma das melhores sensações recentes da minha vida sexual.

Foi natural decidirmos nos isolarmos socialmente sem nos isolarmos mutuamente. Ele trancou o apartamento dele a 30 minutos de carro da minha casa e aumentou a quantidade de roupas na gaveta que eu já tinha liberado para algumas cuecas e camisetas.

 

casal
Legenda da foto: Pinterest

 

A primeira semana foi delícia. Vidinha conjugal com boas sessões de cama praticamente todos os dias, mas não deu pra evitar, a pandemia e a crise política e econômica se agravando do lado de fora, nos deu uma broxada geral depois de um curto tempo. Eu comentava as notícias alarmantes o dia todo, deixando pouco espaço para descontração e provocações safadas. Ele sofria calado e se fechava a cada nova edição do jornal.

O sexo foi rareando e ficando mais preguiçoso, quase como uma sessão de alívio, descarrego, e menos de tesão e sacanagem. A falta de exercício físico intenso e frequente no confinamento fez o fôlego falhar e a necessidade de recuperação depois do orgasmo ser maior. Uma vez, ele reclamou de taquicardia, após 15 minutos por cima de mim. Senti culpa.

Até que passamos um fim de semana todo sem transar. Eu tentei me aproximar, ele não deu muita bola. Na segunda de manhã, quando ele acordou cedo para uma vídeo chamada de trabalho, eu me masturbei na cama. Gozei no esforço, na teimosia. No dia seguinte, lancei mão de uns contos mal escritos que encontrei dando um Google e, na mesma tarde, entrei o XVideos. Minha boceta só latejou pra valer mesmo, quando me toquei lembrando das nossas transas de antes.

Vou puxar a DR, com receio de ouvir: “Não é você, é a quarentena”.

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Fotógrafa conta como foi fazer seu primeiro ensaio sensual https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/29/fotografa-conta-como-foi-fazer-seu-primeiro-ensaio-sensual/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/29/fotografa-conta-como-foi-fazer-seu-primeiro-ensaio-sensual/#respond Wed, 30 Oct 2019 01:43:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2779 Por Carmen

Um casal de namorados procurou a fotógrafa Beatriz Salla, em São Paulo, para uma sessão de fotos sensuais: pouca roupa – em alguns momentos, nenhuma -, cenas que remetiam a sexo, na intimidade de um quarto. A profissional nunca tinha feito nada no estilo, mas a dúvida inicial logo se dissipou com o apelo do desafio de fazer algo diferente.
Ela, que está acostumada a clicar mulheres em lingerie, comentou como foi a nova experiência: “Acho que definir um ensaio como sensual é algo muito pessoal. Para mim, por exemplo, um olhar e um sorriso são muito mais sensuais do que uma pessoa sem roupa. Considero erótico algo feito mais para os outros do que pra si. Na verdade, esse termo me lembra um pouco revista masculina! Se eu tivesse que usar uma palavra para descrever esse ensaio com certeza seria íntimo. Em todos os sentidos”.
Como surgiu a oportunidade de fazer as fotos sensuais de pessoas comuns, reais, que não são modelos interpretando?
Foi a primeira proposta nesse estilo que recebi de um casal. Por ser algo diferente do que eu costumava fazer fiquei meio em dúvida, achava que não ficaria muito com a minha identidade, e isso é importante para mim. A empolgação deles me animou tanto e eu, que adoro um negócio novo e diferente, já logo me esqueci dos questionamentos e topei tudo! Para minha surpresa, me identifiquei em absolutamente tudo, durante todo o ensaio. As fotos ficaram exatamente como eu imaginava. Conseguimos alinhar tudo que eles pediram com o meu jeito de trabalhar e de criar, foi sensacional.

 

ensaio sensual
Casal posou para as lentes de Beatriz Salla Crédito: divulgação

Quais são os cuidados e detalhes que um ensaio como esse requer? Como fez para dirigir o casal, deixá-los à vontade?
Como qualquer situação em que uma pessoa está nua e vulnerável, o principal cuidado é criar um ambiente agradável e seguro. Eu estou sempre 100% aberta e entregue para qualquer cliente meu. Seja ele um casal, uma única pessoa ou uma marca. Acredito que isso estimule o outro a se entregar também. Se sentir seguro. É um caminho de mão dupla, não posso exigir uma entrega se eu mesma não estou assim. A direção é sempre muito natural, eu vou montando cenas, como se fosse um filme mesmo e peço para eles fazerem isso e aquilo, mas não demora muito eu já nem preciso falar nada. Vou só arrumando um detalhe aqui, ali e assim que tenho o resultado que quero, mostro para eles aprovarem e vamos para a próxima cena.

E você, como fez para se sentir à vontade para fazer o seu trabalho? Como descreveria a experiência?
Acho que não teria motivo para que eu não me sentisse à vontade. Fotografia é a minha paixão, são sempre pessoas incríveis que conheço e analisando a situação do ensaio, não havia nada que eu nunca tivesse visto! A experiência foi maravilhosa para mim. Eu finalizei o trabalho com mais certeza ainda do quanto temos que estar sempre abertos ao novo. Você pode imaginar o que vai acontecer, mas na verdade você nunca sabe. É preciso viver aquilo para chegar a uma conclusão. Acho que posso dizer que existe a Bia antes desse trabalho e a Bia depois dele!

Como não cair no vulgar? Essa linha é tênue?
O vulgar, para mim, está nos olhos de quem vê. Se o seu olhar julga que aquilo é um momento vulgar, você vai fotografar de uma maneira vulgar. Se você acha algo íntimo e delicado, assim vai ser o resultado. Tudo depende de como você vê.

Na sua opinião, o que leva casais a quererem esse tipo de registro?
Acredito que o que atrai casais pra esse tipo de experiência é o novo, o inesperado. É sempre excitante. Posso fazer dez trabalhos com o mesmo casal e cada um vai ser único. Acho que esse é o interessante, não é algo que se repete. Pessoas são diferentes, casais são diferentes, isso só me proporciona momentos únicos.

Que tipos de pose, luz, cenário, mais funcionam nesse tipo de ensaio?
Na parte técnica do ensaio, o principal pra mim é usar menos barreiras possíveis. Não uso flash, nem nada do tipo. Apenas eu e o casal, ou a pessoa que vou fotografar. A câmera é intimidadora, muitas vezes mudamos a postura só por saber que estamos em frente a uma lente. Fazer com que isso afete o menos possível é o meu objetivo.
A composição da cena, objetos, paleta de cores e todo resto é criado no momento e de acordo como o ensaio vai fluindo.
Pra mim, o diferencial nesse estilo de trabalho, não só em um ensaio, mas pra qualquer assunto que tenha sexo como pauta, é a maneira como você enxerga isso. Eu trato como algo natural, como qualquer outro assunto. É algo biológico e fisiológico que todos temos e fazemos. Não existe razão para pisar em ovos. É só mais um fato sobre a vida. E isso se aplica nos ensaios! Acho que a melhor técnica é a naturalidade.

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Use a inteligência erótica contra a rotina https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/28/use-a-inteligencia-erotica-contra-a-rotina/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/28/use-a-inteligencia-erotica-contra-a-rotina/#respond Thu, 28 Feb 2019 22:26:25 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2598 Por Carmen

Poucas coisas me dão medo no sexo. Pegar uma DST, sem dúvida, é uma delas, mas trata-se de algo que posso controlar, bastam alguns cuidados preventivos.

O que me assombra de verdade é algo que me parece inevitável: o paradoxo da intimidade e da sexualidade. Quanto mais íntima uma relação, menos erótica ela é. Mesmo casais que começaram com uma química maravilhosa, transando em qualquer canto e a qualquer hora, experimentando novidades e fazendo loucurinhas juntos, com o passar do tempo e maturidade do relacionamento, são vítimas, em maior ou menor grau, da rotina, da previsibilidade, do excesso de intimidade e segurança. Não importa a idade ou a orientação sexual.

 

casal infeliz
Crédito da foto Pinterest

 

Sou, como muitos, alguém em busca constante por intimidade, por conforto. Sou aberta a formar laços estreitos, a me abrir quando me sinto em segurança. Ao mesmo tempo, sou altamente sexual. Adoro fazer sexo, adoro falar sobre sexo, adoro sentir minha libido aflorando e minha atração física, intelectual e espiritual por alguém me eletrizar.

É aí que entra a inteligência erótica. Assim como a emocional, trata-se de um treino, de um cuidado com você mesmx (e com x parceirx).

A mestra Regina Navarro Lins explicou, como de costume, maravilhosamente bem esse conceito, dizendo que diminuímos as lacunas entre nós e x companheirx, mas é exatamente essa distância que dá o “clique” erótico. Dar espaço para a sexualidade aflorar novamente é o cerne da inteligência erótica.

A terapeuta belga Esther Perel dá palestras e escreve livros explicando como desenvolver essa sabedoria. Um de seus principais pontos é refutar a ideia de que a vida sexual reflete a qualidade do casamento (namoro, união estável, etc.). Ela afirma que há casais que tem cumplicidade, companheirismo, se divertem juntos, e não transam. Isso pode ser até comum.

Ela também diz que se a intimidade é central nos relacionamentos ocidentais, então, a sexualidade deve ser encarada como uma ferramenta para a intimidade e não uma recompensa ou consequência dela.

Como encontrar esse equilíbrio entre conexão e paixão? Nadando contra a maré da estabilidade, do conforto. O desejo precisa de espaço, de novidades, e acima de tudo, de preservação das individualidades, para crescer.

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Meditar para transar mais e melhor https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/19/meditar-para-transar-mais-e-melhor/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/19/meditar-para-transar-mais-e-melhor/#respond Tue, 19 Feb 2019 17:25:04 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2590 Por Carmen

Dirty talk ajuda muito a entrar no clima. Escapadinha para o motel para quebrar a rotina é sensacional. Brinquedinhos e filmes sempre são bem-vindos. Mas tem algo muito, muito simples que você pode fazer pela sua vida sexual: respirar.

 

meditação
Crédito da foto Pinterest

 

Na verdade, isso vale para tudo na vida: desestressar, abaixar a ansiedade, dormir melhor, se concentrar, etc.  Poderia passar várias linhas deste texto falando do poder da meditação –que descobri em 2015, durante uma separação –, mas vou focar na minha mais recente prática: o relaxamento pré-transa.

A não ser que sua vida esteja naquela fase montanha-russa, só frio na barriga, segurando o fôlego e soltando gritos de prazer, ou seja, quando você está vivendo de encontros casuais ou fortuitos, uma novidade a cada dia ou, então, uma grande paixão regada a sexo, esta é a melhor dica que eu posso te dar.

Falo por mim, mas talvez por mais uma galera. Passamos o dia tentando decifrar o que o chefe quer, lembrar de pagar os boletos, alimentar o pet, lavar a louça, se preocupando com a febre da criança, com a língua da sogra, com conta bancária, e sofrendo com o trânsito, a economia, os ministros, o feminicídio, o racismo e o aquecimento global. Como faz para simplesmente virar a chave e transar delícia no fim do dia, como tanto queremos e merecemos?

É aí que entram cinco minutinhos de meditação específica para a intimidade dos casais.

Testei em um app — tenho quatro aplicativos de meditação instalados no smartphone. No Simple Habit (em inglês, pago, primeiro mês grátis), a customização da prática voltada para aquilo que você precisa no momento é bem específica. Tem para medo de avião, para ser solteirx e feliz e para se preparar para um primeiro encontro, por exemplo. E entre tantos objetivos, ali tem Sexual Intimacy (Intimidade Sexual) > Relax With Your Partner (Relaxe com x companheirx).

Sentamos um de frente para o outro, sobre a cama, pernas cruzadas. Fechamos os olhos e nos deixamos levar pela voz que guiava a meditação. A ideia é, além dos usuais relaxamento e respiração, que haja também a conexão com o outro. Por isso, é uma meditação que nos voltamos para fora, olhando nos olhos dx parceirx. Além de prestar atenção no ar que entra e sai dos nossos pulmões, nos concentramos nos nossos genitais e no corpo do outro.

Você alivia a tensão e enxerga o momento. A voz estimula terminar a meditação com um beijo e partir para a relação sexual. Nós nos beijamos, mas ainda tivemos mais um tempinho de preliminares lentas e delicadas. Nossa conclusão é que a meditação funcionou mais como um ponte para nos tirar do modo assexuado do que para nos colocar a ponto de bala. Um primeiro passo que acaba levando a outros.  Foi uma noite boa.

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Linha 121 https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/16/linha-121/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/16/linha-121/#respond Wed, 16 Jan 2019 12:49:21 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2571 Por Dolores

A ventania indica que em breve o mundo vai desabar, enquanto eles sobem no ônibus em uma avenida central da cidade. É a linha de trajeto mais longo, porque a outra, favorita do casal aos finais de semana, tem feito desvios nos pontos, e consideram que dá muito trabalho descobrir, a cada domingo, em qual travessa deveriam esperar pelo transporte.

 

ônibus
Crédito da foto Roberto Cavallarri/Folha Press

 

Não fossem as árvores balançando com força lá fora, agora abrigados eles mal sentiriam que o tempo virou – as janelas do 121 estão embaçadas da respiração dos passageiros, e quase começa a fazer calor ali naquela região do ônibus, longe das portas. Se encostam um no outro, cabeça no ombro dele, ele põe a mão na coxa dela em um gesto automático de carinho.

Sobe mais uma dúzia de gente na altura da praça do monumento. Corpos passam por perto, se estendem com os braços para cima, homens, mulheres, o ar rescende a suor de fim de tarde e perfume de quem vai à missa.

É quase sem querer que ela também pousa a mão na perna dele, e, mais sem intenção ainda, esbarra no que claramente se destaca, cheio de volume, por baixo do bolso da bermuda: o pau quase todo duro, fazendo contrações a cada bombeada de sangue que ela não sabe se coincide com os faróis fechados, ou com o fluxo dos companheiros de viagem que se equilibram a cada freada.

Sem cerimônia ou constrangimento, começa uma massagem delicada e quase imperceptível, especialmente quando ele cobre sua mão com a mão dele, ao menos vamos tentar parecer que somos um casal decente voltando para casa de ônibus em um domingo chuvoso. Ele fecha os olhos para sentir melhor a mão, o sangue, as lambidas na orelha que ela decide aplicar (ou fecha os olhos para não saber se alguém está vendo tudo?).

Vão assim por três bairros inteiros. Na parada final desembarcam, e, assim que o 121 começa a manobra no terminal em forma de ferradura, ela pede que ele entre com os dedos por baixo da saia e sinta o líquido escorrendo pela costura lateral da calcinha, olha só o que você faz comigo, diz antes de um beijo quente.

Sobem no elevador até o segundo andar de sempre, ela não o deixa sair. Aperta o oitavo, agora é hora de viajar. Fecha as mãos em concha na bunda dela, força o quadril contra as cadeiras e a saia agora erguida quase na altura dos peitos. Não há câmeras aqui, parece.

Por trás da porta do apartamento vão caindo roupas, desamarram-se os sapatos, e ela se ajoelha diante dele com as mãos úmidas de saliva que vão molhar as bolas, as coxas e o períneo dele. Com o celular na mão, ele tira fotos. Ela sugere filme.

Dá para ele de pé, os dois encostados na parede, e ele grava tudo primeiro pelo espelho, depois com um ângulo de baixo para cima, o foco no entra e sai frenético que acaba em uma cascata que muito dificilmente daria para identificar se veio dele, se veio dela ou dos dois amontoados.

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Caixinha de surpresas para animar o ano novo https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/02/caixinha-de-surpresas-para-animar-o-ano-novo/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/02/caixinha-de-surpresas-para-animar-o-ano-novo/#respond Wed, 02 Jan 2019 12:10:04 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2562 Por Carmen

Foi o Diego quem descobriu o clube de assinatura erótico. Ele costuma achar essas novidades de consumo e do universo do sexo antes que eu. Eu sou a que traz novos destinos de viagens e experiências gastronômicas. Ele, a sacanagem. Mas era questão de tempo mesmo. Depois de clubes online de vinho, churrasco e livros, chegou a vez do sex shop.

Assinamos por seis meses, pacote básico (R$ 52,68/mês, com frete). Uma vez por mês, chega uma discreta caixinha surpresa em casa, com produtos e suas devidas sugestões de uso. E também folhetos com dicas para sair da rotina, aquele blá blá blá de sempre. Sinceramente, pelas sugestões — todas clichês — de como apimentar a relação, o serviço não vale. Nada que já não tenha sido exaustivamente falado aqui e em centenas de sites e revistas. Mas o custo-benefício de se adquirir itens como géis e eggs na box mensal vale a pena.

 

erotic box
Crédito da foto Pinterest

 

Neste primeiro mês, recebemos três lubrificantes — sendo dois com sabor, específicos para sexo oral — e um masturbador tipo ovo. O egg era de uma marca nacional e não da Tenga, fabricante japonesa que introduziu esse best-seller erótico no Brasil. O silicone é mais espesso e duro do que o do produto original, e Diego achou que a sensação era prazerosa, mas não tão boa quanto. Para mim, funcionou bem. Para quem não sabe, se você vira o ovo do avesso, pode usar a textura para a masturbação feminina.

Você pode escolher pacotes mais completos e receber brinquedos, digamos, mais robustos. O site incentiva a responder um questionário sobre suas fantasias e compara com as respostas dx parceirx. Você também pode selecionar o tipo de relacionamento que tem: hétero, gay ou lésbico.

Foi divertido para a gente. Como eu sempre digo, não acho que sex toys necessariamente fazem o sexo mais prazeroso, mas incentivam a intimidade e  o diálogo sobre sexo, o que é sempre um estímulo.

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Dá para dormir confortável e sexy ao mesmo tempo? https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/29/da-para-dormir-confortavel-e-sexy-ao-mesmo-tempo/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/29/da-para-dormir-confortavel-e-sexy-ao-mesmo-tempo/#respond Tue, 29 May 2018 20:49:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2388 Vocês se conheceram no verão. Ele viu seu corpitcho de biquíni na praia e de camisolinha de cetim na cama. Ela conferiu toda a sua gostosura de samba-canção e peito nu. Agora o frio chegou. Vocês estão transando direto e passando noites juntos com frequência. Está na hora dele conhecer o seu… pijama de flanela. E chegou o grande dia, ele vai mostrar o minhocão – aquele outro, feito de lã e do tipo broxante.

 

pijama
Crédito da foto Pinterest

 

Dá para ser confortável e sexy ao mesmo tempo nas noites frias de inverno? Eu tenho duas gavetas de pijamas. A maioria foi presente de tias, mãe, cunhadas. Os de verão, não tem muito erro. Shortinhos de algodão, regatinhas, camisolas curtas. Faço bonito antes, durante e depois de ficar nua.

Mas, os pijamas quentinhos, para as madrugadas quando a malha de algodão é gelada demais contra o corpo e o edredom reforçado não dá conta, têm zero sensualidade. Meus namorados nunca desanimaram de me agarrar por conta deles, mas eu juro que gostaria de estar usando algo mais quente que também fosse queeeente, nas noites frias em que o sexo é só aquela abaixadinha clássica das calças (pelo menos até começarmos a suar).

Sorte a sua se você – e a pessoa que transa com você – curte, mas para mim, pijama de botão, de flanela grossa, é para avô dormir. Conjunto de plush com ursinhos ou corações bordados é coisa de criança.

O meio termo que encontrei entre o sexy e o confortável é o conceito de loungewear. São roupas confortáveis, para ficar em casa, mas com bons cortes, estilo minimalista e tecidos naturais ou tecnológicos – para manter a temperatura do corpo. Funcionam para dormir, apesar de não serem criadas especialmente para essa função. São gostosas ao toque, fáceis de pôr e tirar.

Ao pesquisar para este post, revi um pouco meus conceitos de “moda cama”. Achei um pijama com estampa de gatinho e capuz, de fleece, mais ajustado, provocante, em um site gringo. Será que entrega no Brasil?

 

pijama
Crédito da foto Pinterest

 

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Flagra de filho não é o fim do mundo https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/25/flagra-de-filho-nao-e-o-fim-do-mundo/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/25/flagra-de-filho-nao-e-o-fim-do-mundo/#respond Fri, 25 May 2018 20:54:33 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2385 “Carmen, não tenho coragem de contar para ninguém o que aconteceu esta manhã. Pode parecer banal para alguns, ou chocante para outros, tudo depende dos valores, da história de vida, do olhar conservador ou liberal. Mas acho que você pode me entender. Pego, em um ou outro post seu, a ideia de que temos mais ou menos a mesma idade, enxergamos o sexo da mesma forma e que você não é uma mulher cheia de julgamentos.

 

casados
Crédito da foto Pinterest

 

Meu namorado chegou de viagem ontem à noite e veio dormir em casa. Meu filho de sete anos já está acostumado com a presença eventual dele em casa, inclusive para dormir. Era pouco depois das 6 horas desta manhã e, ainda sonolentos, eu e meu namorado começamos a nos enroscar na cama. Uma mão na bunda, um ‘cheiro’ no pescoço, corpos colados, o pau duro dele contra o meu quadril. Quando isso acontece, geralmente faço um pause e tranco a porta, mas desta vez, não tinha certeza que íamos acabar fazendo sexo. Já havíamos matado a saudade na noite anterior, com uma sessão bem longa, com muitas preliminares e prazer intenso. E é comum nos alisarmos e nos enrolarmos um no outro pela manhã e ficar por isso mesmo. Apenas uma namoradinha, sem realmente transar. Mas acho que os dias separados haviam nos deixado mais acesos, e logo fui pra cima dele, sem tirar a camisola nem a calcinha. Ele também só abaixou os shorts do pijama e me penetrou.

Ficamos no movimento gostoso e depois de uns minutos comecei a gozar. Estava no meio das ondas de prazer quando percebo meu namorado virando o corpo, saindo de dentro de mim. Por um instante, achei que ele estava com medo de gozar dentro, já que estávamos sem camisinha. Mas ele falou firme, ao meu ouvido, o nome do meu filho. Quando olho para o lado, vejo a porta aberta e meu filho parado ali: “O que está acontecendo, mamãe?”.

Fui rápida. Estar vestida e ainda protegida pelo edredom me deu presença de espírito. Inventei a história menos esdrúxula que consegui pensar para justificar estar em cima do ‘tio’ e gemendo: ‘estou com dor e fui pegar o remédio no outro criado-mudo’. ‘Dor aonde?’. ‘Er…na barriga…Mas e você, já escovou os dentes? Tá com fome? Quer Nescau?’

A sorte foi ele ter apenas sete anos, não ter ideia de que relação sexual existe, e nós não termos tirado a roupa para transar. Não ouve flagra de corpos nus. Mas o mais estranho é que a culpa que eu normalmente sentiria, não veio. Estou encarando com leveza. Durante muitos anos, tive uma vida sexual inexistente com o pai do meu filho. Hoje estou feliz, redescobrindo o sexo. Em vez de ficar me perguntando se meu filho ficou traumatizado pelo que viu, se eu fui irresponsável e leviana, prefiro assumir que esse tipo de coisa pode acontecer na vida de uma mãe sexualmente ativa — e um pouco levada.”

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No fim, sobrou o consolo https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2017/06/14/no-fim-sobrou-o-consolo/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2017/06/14/no-fim-sobrou-o-consolo/#respond Wed, 14 Jun 2017 21:39:52 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2077 Este texto me lembrou daquela velha piadinha de que amor é como a Avenida Paulista, começa no Paraíso e termina na Consolação.

 

Crédito da foto: suckmypixxxel.tumblr.com

 

“Eles haviam se conhecido há pouco tempo, mas o love ainda estava na fase da foda duas vezes por dia – sempre que possível, é claro. A dança do acasalamento tinha formado um padrão: eles se encontravam em um boteco qualquer, começavam a conversar, o olhar um pelo outro ia penetrando até o fundo do âmago como se estivessem se engolindo mutuamente pela íris, os lábios se encostavam, as línguas se entrelaçavam. O gosto da cerveja weiss na ponta da língua dava o aroma da pegada que estava por vir. As pernas davam um jeito de se encostarem o máximo que aquelas mesas dobráveis de bar permitiam. As mãos já não se importavam com as aparências e começavam as suas estripulias. De início, cada par segurava o rosto um do outro recaindo pelo pescoço, ele puxando com um pouco mais de força o cabelo em tamanho médio dela. As mãos dela tinham dedos longilíneos que se esparramavam pela nuca dele, até alcançarem o elástico que amarrava aquele cabelo neo-hipster que já estava dando no saco.

A dança era deliciosamente carregada de malícia, luxúria e uma dose perfeita de exibicionismo decadente. Eles não se importavam de apalpar os sexos mútuos ali mesmo, na rua. Foda-se. E iam caminhando até o apartamento dela, enfiando dedos no risquinho da bunda, alimentando possibilidades.

Ao chegar em casa, os dois cumpriam tabela: copiavam mesmo aquele sexo quente e atrapalhado dos filmes, que só faz encostar a porta de entrada pra sair rasgando a roupa um do outro em amassos apertadíssimos. Nada era suave. O sexo pré-penetração era daquele jeito, forte, pesado, deliciosamente desajeitado. Os dois seguravam o gozo pra dar tempo de enfiar tudo dentro. E conseguiam. Ela menos. Ela tinha pequenos orgasmos sequenciais, o que deixava toda a experiência muito satisfatória.

Na porta do quarto, ambos nus, ela montada de frente nele, ele a colocava na ponta da cama pra dar tempo de enfiar direito. E era nessa hora, milimetricamente calculada, que ela se livrava dele, engatinhando até a ponta direita da cabeceira da cama queen, onde ficava um falo maravilhosamente rosa, na textura e tamanho perfeitos. Era ligar, enfiar, e gozar de olhos bem abertos.

– Toda vez eu travo, dizia ele mais uma vez.
Ele apequenava-se. Saia do quarto de olhos arregalados, ainda em estado de choque.”

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