X de Sexo https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br A cama é de todos Mon, 22 Nov 2021 13:00:59 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Estados Unidos declaram guerra contra sites de prostituição https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/04/14/estados-unidos-declaram-guerra-contra-sites-de-prostituicao/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/04/14/estados-unidos-declaram-guerra-contra-sites-de-prostituicao/#respond Sat, 14 Apr 2018 11:13:19 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2359 Na última década, profissionais do sexo têm usado a internet para obter mais independência, segurança e senso de comunidade dentro do universo da prostituição. Anunciar os serviços a partir da própria casa e poder escolher como e quem atender diminuem os danos de um trabalho arriscado por natureza.

 

prostitução online
Crédito da foto Pinterest

 

Entretanto, uma guerra contra sites que divulgam o trabalho de garotxs de programa está em ascensão nos Estados Unidos. Há uma semana, o backpage.com, um dos principais endereços virtuais do gênero, foi tirado do ar, deixando “desempregados” uma multidão de trabalhadores do sexo. Foi uma batalha ganha por opositores morais e por políticos que aprovaram um decreto que fechou dezenas de marketplaces sexuais nos últimos tempos no país. A acusação é que esse tipo de negócio online propicia lavagem de dinheiro, tráfico de pessoas e a prostituição infantil.

As prostitutas que dependiam do site para conseguir clientes se viram de uma hora para a outra sem programas e sem ganho algo.  Algumas usuárias estão usando as redes sociais ou dando entrevistas sobre serem obrigadas a voltar para as ruas e, em alguns casos, encarar falta de moradia e alimentação até se estabelecerem novamente. “Estou definitivamente com medo. Eu queria terminar a escola. É muita incerteza, muita frustração, principalmente porque foi assim [com o site] que nos sentimos seguros. Eu não acho que tenho coragem de ir às ruas para fazer esse tipo de trabalho”, disse ao site da revista “New York” uma garota chamada Natalia.

“O que realmente me preocupa é a perda de informações de triagem e a perda de listas negras da comunidade”, comentou outra moça afetada pelo fim do site. Alertas sobre clientes ruins foi uma das maiores vantagens que as comunidades online propiciaram às prostitutas.

Com apenas 20 anos, Simone, deu uma visão pragmática: “Agora, o foco está em encontrar o próximo Backpage. Uma vez que há um vácuo como este, algo virá preenchê-lo. A demanda no mercado por sexo comercial nunca vai parar. O Backpage não me transformou em garota de programa, assim como o YouTube não pode transformar pessoas em músicos ou comediantes. Foi apenas o meio. Um meio acessível e livre”.

 

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“Tive um sugar daddy e não sabia” https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/03/22/tive-um-sugar-daddy-e-nao-sabia/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2018/03/22/tive-um-sugar-daddy-e-nao-sabia/#respond Thu, 22 Mar 2018 20:29:31 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2335 O assunto da vez são os relacionamentos “sugar” (de açúcar). Não é uma novidade no mundo, mas nem todo mundo conhece pelos nomes: mulheres jovens e bonitas, as “sugar babies”, na companhia de homens mais velhos e ricos, os “sugar daddies”. Ela fica a disposição para encontros, jantares, viagens e sexo e ele, por sua vez, dá roupas, joias, paga o estudo e o aluguel dela. Os termos variam de par para par, mas em comum há as expectativas e benefícios bem estabelecidos de cada uma das partes. Há ainda a “sugar mommy”, que é a mulher mais velha e bem-sucedida que mantém e sai com um garotão. E as versões homossexuais de todos esses papéis.

O holofote do momento se deu porque estão sendo divulgados sites e aplicativos para encontrar relacionamentos desse tipo. Nada mais natural, já que existe app de tudo nesse mundo e os que fazem mais sucesso são aqueles que unem quem quer vender com quem quer comprar, né?

Estamos falando de uma troca, e a linha entre uma “sugar baby” e uma prostituta é tênue. A defesa é que este não é o meio de vida delas. Elas estudam, trabalham e apenas recebem uma “ajuda” temporária enquanto se formam na carreira, em troca da companhia e sexo. É quase uma redistribuição de renda mais justa, ahaha. Há casos em que o relacionamento começa na base do bate papo, do sexo, e vira amor, casamento. Por outro lado, um desses serviços online, por exemplo, incentiva as garotas a estarem sempre disponíveis, nem que isso signifique faltar ao trabalho, e a não falar sobre o relacionamento com familiares. Opa…

 

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Joguei a polêmica “é prostituição ou não” na mesa do almoço com as amigas e acabei conhecendo a história da Bianca, que foi “sugar baby” quando era estudante e só descobriu que o relacionamento tinha essa nomenclatura muitos anos depois.

“Eu não planejei ter um ‘sugar daddy’. Aconteceu. Eu tinha 20 anos, fazia faculdade de jornalismo. Era época áurea das salas de bate papo na internet e eu viciei. Entrava todo dia, conversava com homens, mulheres, às vezes assuntos picantes, às vezes só papinho, mas sempre havia flerte. Conheci esse cara que destoava no ambiente virtual, porque era mais culto, mais sério, e me interessei. Ele era 15 anos mais velho que eu, estrangeiro morando no Rio de Janeiro, diretor de uma multinacional, vivia sozinho em um apartamento de frente para o mar de Ipanema. Meus amigos eram gente de humanas que bebia Skol em churrasco, e esse cara tomava uísque e ouvia jazz. Não tinha nada a ver comigo, mas estava curiosa e segui em frente.

Ele veio para São Paulo especialmente para me conhecer: nada de café ou barzinho no primeiro encontro, fomos ao restaurante de um hotel 5 estrelas na região da Paulista, e pela primeira vez provei um prato com trufas brancas. Fui para cama com ele, porque vi como aquele homem estava babando por mim e seu jeito dominador me excitou, me comeu com força. Sempre foi assim o sexo com ele – quase violento. Mas fora da cama ele me tratava como uma princesa, uma deusa. Eu fiquei inebriada por esse tratamento dúbio.

Os mimos começaram com arranjos de flores que custavam mais de R$ 300. Depois inúmeras passagens para o Rio de Janeiro. Jantares nos restaurantes mais exclusivos. Shows na plateia vip. Em um primeiro momento, me parecia apenas a maneira dele de agradar, já que parecia bem apaixonado. Diferentemente dos relacionamentos pré-estabelecidos, não conversamos sobre benefícios mútuos. Mas fui percebendo que os melhores presentes vinham quando eu fazia algo que ele apreciava. Um conjunto de malas de couro de uma grife famosa quando faltei às aulas para acompanhá-lo a um jantar de negócios. Se o sexo havia especialmente quente na noite anterior, caixinhas de veludo com joias apareciam na minha frente no dia seguinte. Quando finalmente topei fazer sexo anal, ele me deu brincos de brilhantes.

Eu percebi que ele me queria disponível o tempo todo – para companhia e, principalmente, para transar. E eu, inconscientemente, me sentia na obrigação de estar. Ele me comprava mesmo. Eu era ingênua ou não queria ver. O tempo todo enxergava os presentes como demonstração de afeto.

Foram quase dois anos assim, até ele ser transferido para a Inglaterra e quis me levar com ele. Aí me bateu a consciência de: ‘O que estou fazendo? Vou largar meu último semestre na faculdade e minha carreira que está começando para ir para outro país sozinha com esse cara, que eu nem pensava em apresentar para família e amigos?’ Ao me ver titubear, ele se ofereceu para pagar um mestrado na minha área na Inglaterra. O curso custava o mesmo que um carro de luxo. Nesse momento, achei melhor recuar. Ao investir tanto em mim e me tornar completamente dependente dele em terra estrangeira significava abrir mão da minha autonomia em um grau que eu não estava disposta. Ele foi embora do Brasil e, para ver como não era uma relação de amor, nunca mais nos comunicamos.”

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A internet mudou a prostituição para melhor https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2017/12/14/a-internet-mudou-a-prostituicao-para-melhor/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2017/12/14/a-internet-mudou-a-prostituicao-para-melhor/#respond Thu, 14 Dec 2017 22:15:42 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=2243 Mercados clandestinos costumam ser “early adopters” de tecnologia. A internet, por exemplo, faz esse serviços ilícitos se tornarem menos arriscados e mais lucrativos. Poucas indústrias se transformaram tão rápida e profundamente com a conectividade do que a prostituição.

A “mais antiga das profissões” passou por uma mudança radical nos últimos anos, desde o modo como se vende sexo até os valores envolvidos. O número de profissionais cresceu, a demanda também  e – ao contrário do efeito da internet em outros setores – os preços subiram bastante. Essa é a conclusão de um estudo do departamento de economia da Universidade da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos que afirma que o preço de um programa subiu em média 38% entre 2000 e 2015.

A internet aumentou a transparência e facilitou o encontro de vendedores e compradores. As prostitutas ficaram mais seguras do que nas ruas e, sem necessidade de intermediários – agências ou cafetões – e com mais dinheiro no elástico da calcinha. Migraram das calçadas para sites como Craiglist e Eros, além da nova onda de mulheres – e boys – que entraram pro negócio quando os riscos caíram e os lucros subiram.

 

Prostituta
Crédito da foto: Pinterest

 

O mundo online facilita não apenas a propaganda, a negociação. Como acontece com grupos de todos os perfis,  comunidades de troca de informações foram criadas. As profissionais compartilham estratégias, tabela de preços, alertam sobre clientes ruins. Do lado dos fregueses, há sites como o The Erotic Review, onde é possível avaliar o serviço das garotas de programa, como fazemos com uma viagem de Uber ou uma hospedagem no AirBnB. A plataforma tem quase 8 mil usuários por mês.

Só consigo ver vantagens, e vocês?

 

 

 

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pauta quente em ny: pornografia e prostituição https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2016/03/22/pauta-quente-em-ny-pornografia-e-prostituicao/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2016/03/22/pauta-quente-em-ny-pornografia-e-prostituicao/#respond Tue, 22 Mar 2016 17:00:41 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=1654 Nova York parece falar de sexo com mais naturalidade e graça do que as outras metrópoles, e aí estão Woody Allen e Sarah Jessica Parker que não me deixam mentir. Filmes como “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo” e séries como “Sex and the City” levaram o assunto para as conversas cotidianas, ajudando a esvaziar vários tabus.

Nos últimos dias, o jornal “New York Times” e a revista “New York” trataram, com a seriedade de sempre, de dois temas tão banais quanto polêmicos: pornografia e prostituição.

O “NYT” publicou um longo texto em sua edição impressa de domingo (20) sobre a educação sexual das adolescentes, em matéria que leva o título auto-explicativo: “Quando o pornô virou aula de sexo?”, minha tradução para “When did porn become sex ed?”.

 

reprodução nytimes.com
reprodução nytimes.com

Lá, Peggy Orenstein, que escreveu um livro sobre isso, conta que uma pesquisa inglesa revelou que 60% das estudantes consultavam pornografia como se fosse um manual de instruções, ainda que soubessem que as cenas não fossem lá muito realistas. Uma das personagens da matéria diz: “Tem um monte de problema com a pornografia, mas é meio legal poder usar isso para ganhar algum conhecimento sobre sexo”.

“As estatísticas sobre assédio sexual podem ter forçado um diálogo nacional sobre consenso, mas conversas sinceras entre adultos e adolescentes sobre o que acontece depois do ‘sim’ – discussões sobre ética, respeito, como tomar decisões, sensualidade, reciprocidade, relacionamento, a habilidade de afirmar desejos e definir limites – continuam raras. E enquanto nós estamos cada vez mais dizendo aos jovens que ambas as partes precisam concordar inequivocadamente em um encontro sexual, nós ainda tendemos a evitar o maior tabu de todos: a capacidade e o direito de as mulheres terem prazer no sexo”, conclui Peggy no artigo.

Já a “New York” magazine publica na capa desta semana outra pergunta provocativa: “Is Prostitution Just Another Job?”, ou “A prostituição é apenas um trabalho qualquer?”, de novo na minha tradução.

reprodução Facebook
reprodução Facebook

Na longa reportagem de capa, Mac McClelland nos conta que a internet aumentou a aceitação do sexo profissional entre o público, o que tem motivado inclusive debates sobre os direitos desses trabalhadores. “Em 2012, 38% dos americanos achavam que o sexo profissional deveria ser legalizado; no ano passado, no meio do crescente apoio à legalização da maconha e do aumento da liberdade individual, esse número subiu para 44%”, escreve a jornalista.

Jogando luz sobre o ganha pão de muitas mulheres, o texto traz relatos de várias prostitutas, muitas favoráveis à descriminalização da atividade.

Algumas querem apenas sair da economia informal. Anna, de 22 anos, teve que abrir uma empresa fingindo que era designer gráfica pela necessidade de pagar impostos. Apesar de ter tido problemas com a família, que não aceita sua atividade, ela diz que gosta do que faz na maioria das vezes. E, agindo como uma empreendedora de qualquer outra área, se queixa um pouco dos comentários dos clientes sobre seu desempenho em sites como o Erotic Review, que agem como se estivessem avaliando uma ida a um restaurante. “Sinto que uma única revisão ruim poderia arruinar o meu negócio, o que é um pouco estressante.”

A reportagem também dá longo espaço para o lado nada glamuroso da prostituição, como o tráfico de mulheres; o trabalho sexual forçado; a violência cometida pelos clientes; uso e abuso de drogas. Será que a legalização da atividade aumentaria ou diminuiria esse tipo de situação?

Os dois assuntos – pornografia como tutorial de sexo e descriminalização da prostituição – rendem muitas discussões, e é ótimo que dois grandes grupos de mídia dos EUA estejam investindo nesse tipo de jornalismo.

E, vocês, o que acham disso tudo? Dá para aprender a fazer sexo consumindo pornografia? Deveríamos legalizar o trabalho sexual? Escrevam para mim, contem suas histórias.

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