X de Sexo https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br A cama é de todos Mon, 22 Nov 2021 13:00:59 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com você é especial https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2020/09/24/com-voce-e-especial/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2020/09/24/com-voce-e-especial/#respond Thu, 24 Sep 2020 23:57:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=3028 Por Dolores

Quando isso tudo passar, e a gente finalmente puder se ver, eu quero que você me faça muitas coisas. Vou pedir coisas infinitas de você. Podemos começar, por exemplo, por marcarmos só uma semana depois que todos os encontros forem liberados. Sim, eu sei que a saudade é imensa, e que já esperamos tanto, mas quem espera tanto não espera um pouco mais?

Tenho vontade de criar suspense. Sim, ainda mais. Então, no dia, quando finalmente chegar este dia, você me escreve um email enorme, dizendo que sente minha ausência, e que quer muito me ver. Que manda esta mensagem para compensar a falta que você me faz. Daí eu respondo. Faço um pouco de cu doce. Mas aceito no final, você vai dizer que já sabia que eu aceitaria. Vamos rir. E sete dias se passam e eu apareço aí.

Vou tocar sua campainha, depois de subir três lances de escada deste seu predinho sem elevador que eu sempre achei um charme, e que se fecho os olhos aqui, nossa, de olho fechado parece que faz ainda mais tempo, eu fecho os olhos e sei exatamente o cheiro que o caminho vai ter.

A mulher do segundo andar fritando bife. A amônia do xixi de gato da vizinha do térreo. E a sua campainha tocando com som de geladeira velha só pra assustar seu cachorro esquisito. Eu nunca disse que não amo seu cachorro. Só acho ele esquisito. Você é esquisito, também, e olha o tanto que eu te adoro.

É bastante, garanto, que eu não coloco body de renda preta pra qualquer um. Vão acontecer outros encontros, quando tudo isso passar, e a gente finalmente puder se ver, encontros com outras gentes, eu digo, e pra nenhum eu vou botar body de renda preta. Com você é especial, sabia?

O que vai me dar pra beber? Eu quero que você me faça muitas coisas. Servir vinho branco meio gelado, por exemplo. Numa taça bonita daquelas que a gente quase não consegue segurar com uma mão só. Gorda. Me elogia. Mas ainda não me beija. Nem tenta, se puder, quero criar um clima de romance.

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Finge que está preparando alguma coisa bem gostosa pra gente comer. Pica uns queijos diferentes. Salpica umas ervas por cima. Diz que fica pronto já já e que espera que eu goste. Daí pergunta o que eu quero escutar, me ouve dizer que é Caetano, e vai lá e bota um Chico no lugar. Pra gente rir e criar um clima de tesão.

Aqueles queijos diferentes lá ninguém vai nem provar, né, você sabe. Porque vinho branco meio gelado é rápido de beber. E, quando a gente nem espera, já está meio bêbadozinho, vai pegando no muque enquanto dá risada de umas coisas bestas que você diz, você hoje está mais engraçado que nunca. É a saudade.

É a saudade? Você vai estragar meu body preto de renda de tanta pressa que vai ter pra desabotoar o fechinho que fica no meio das minhas pernas. Achou que era de pressão, eu avisei que era de encaixe. Só que sua língua é tão quente e molhada que, olha, tá tudo bem, eu compro um novo. Eu nem compro, e venho pelada da próxima vez. Pra facilitar de você lamber exatamente este lugarzinho que está lambendo agora.

Eu vou querer transar de novo. Você topa? Falei que ia pedir coisas infinitas de você. E, se der, vou querer terminar tudo dormindo meio encaixada em você. Não muito, que seus pelos me dão calor, mas quase. Você topa. E eu topo, também, se com o dia quase amanhecendo você botar o pau grande e bem pronto entre as minhas pernas, e quiser me comer mais uma vez.

Eu vou querer sair sem banho nem café. Você vai insistir. Eu vou achar que quase gosto de você a mais do que deveria, mas vou lembrar dos outros pra quem não chegava a usar body de renda preto, mas que gosto também que me lambam molhados, e vou decidir que um pedacinho do queijo de ontem eu até aceito, uma xícara de café com leite também ia bem.

Vou perguntar se você está de ressaca igual a mim. Te ameaçar de levar seu cachorro comigo, porque ele é fofo e tem barba. Do interfone na cozinha, você dispara o portão lá embaixo, eu desço com calma, o bife de ontem já se dissipou. Tem alguém fazendo pão na chapa.

Da janela do seu quarto, você vai me soprar um beijo pra calçada. Eu pego com a mão e finjo que aperto ele pra dentro do peito. A gente sabe que vai se ver de novo, e em breve. Ninguém me chupa assim. Se eu me apaixonar por você, te mato.

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Os ‘não amores’ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2014/03/19/os-nao-amores/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2014/03/19/os-nao-amores/#respond Wed, 19 Mar 2014 14:51:21 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=590 por Ana

 

Os não amores são capazes de segurar você durante horas na frente de uma tela, de conseguir uma resposta imediata e cuidadosa a um e-mail, de inspirar o envio de uma melodia garimpada dentre cem listas de reprodução. Com eles, você fala de livros, de música, até de poesia.

 

Eles são capazes de acabar com um matrimônio.

 

O engraçado dos não amores, apesar de parecer o contrário, é que você não acaba na cama com eles. Em algum momento, isso acaba por ser o menos importante.

 

Os não amores aparecem por coincidência, no trabalho ou em uma viagem. A aproximação com eles não é a habitual de macho-fêmea, é uma aproximação de pessoas. Interessadas uma na outra, além da genitália.

 

As conversas começam a surgir e não terminam. Você acaba por acordar de manhã pensando onde ele ou ela está, aguardando uma mensagem na tela do telefone.

 

Ele nunca se enquadrou no perfil de pessoa da sua vida, mas ele ou ela te escuta. As conversas chegam aonde seu parceiro nem sonha e se tornam tão comprometedoras que você pode se considerar tão infiel que resolve desativar o aviso de chegada dos e-mails -que àquela altura já são dezenas por dia. A tela não pisca mais, mas você procura a cada hora na pasta destinada às suas conversas.

 

Na verdade, você não faz nada além de cultivar um amigo, oras. Mas os padrões, e as amigas, te dizem que você está indo longe demais. Que bater papo às 3h da manhã para se consolar pelo rumo que está tomando a humanidade não é algo assim, digamos, comum entre amigos.

 

não amores mais perigosos, os que você vê habitualmente. Ou todos os dias. O que acelera as revoluções do ‘não romance’ e a vontade de por um nome a esse conceito vago entre amizade e atração -digamos- espiritual (não, não é realmente apenas sexual). Esses dois personagens acabam ficando a sós em algum lugar, e acontece o batismo.

 

Chegados a esse ponto, onde cada um pode experimentar diversas sensações, que vão da frustração, arrependimento ou vontade incontornável de criar uma nova família, o parceiro ou parceira já está lendo seus e-mails. Imperdoáveis.

 

Fale a “verdade”, que não houve sexo. Minta e diga que nunca nada aconteceu. Não importa. A traição com um ‘não amor’ dói muito mais que qualquer punheta mal feita.

 

Nos seus e-mails estará exposta sua vontade de viajar com ele (ou com ela), os medos que você nunca compartilhou com outra pessoa, as inseguranças (mas também os sonhos) daquilo que você nunca fez. As reflexões que, há tempo, sumiram das conversas do seu relacionamento.

 

Ele provavelmente não entenderá como essa traição é pior que noites de tesão resolvidas em um motel. Ela, arrisco a afirmar, entenderá perfeitamente a dimensão do significado e dificilmente perdoará. Também assumirá que pecou e, não descartem, que acabe nos braços do ‘não amor’.

 

Eu já tive dois desses. No primeiro os dois estávamos comprometidos, chegamos a pensar que nos amávamos, mas nunca aconteceu nada além de cafés de manhã clandestinos e milhares de e-mails. Sua mulher o pegou e apesar dos anos nunca lhe perdoou. Ele ainda tem que manter nossa amizade (muito mais transparente e clara que na época) em segredo. O outro foi um não amor adolescente, que me disse francamente que deixaria tudo por mim, mas que não seria meu amigo se eu não aceitasse.

 

Saí correndo. O não amor é isso mesmo.

 

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A dança das mãos 1 – Prévia de sexo bom https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2013/11/01/a-danca-das-maos-1-previa-de-sexo-bom/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2013/11/01/a-danca-das-maos-1-previa-de-sexo-bom/#comments Fri, 01 Nov 2013 21:40:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=329 por Lia

 

Foto
Crédito: suckmypixxxel.tumblr.com

 

A dança das mãos é uma coisa sobre que não se pode menosprezar. Ela, mais que qualquer coisa, faz um tesão explodir ou morrer. Tá, não mais que qualquer coisa… Mas está no top três.

 

Entender que um segundo após parecer (estando entre os cabelos) uma folha fazendo cócega, a mão alheia precisa estar na nossa nuca tão firme como quem salva alguém de uma inundação. Saiba: essas duas coisas são capazes de nos fazer flutuar. E, claro, querer dar. E imediatamente. E para você, a pessoa da mão.

 

Foi assim na primeira noite com A., com música alta e muita cerveja (Heineken, lembro bem).

 

Ele nem tocou em mim por horas seguidas, eu nem lembrava que ele tinha mãos. Quando, no meio de uma música, ele disse que me agarraria naquele segundo caso eu continuasse na frente dele, me esfregando fingindo que era sem querer (não, não era sem querer que eu sentia o pau dele na lateral do meu quadril…). Eu continuei parada. Ele me fez caminhar, me segurou pela nuca e me fez… Querer sexo com ele naquele EXATO segundo.

 

A mão antecipou o beijo sem ar, o encaixe sem pudores (acredite, isso não é ofensa nenhuma) e o tesão instantâneo. Quero sexo, pensei.

 

Há gente que chama isso de pegada. Na parte pelo todo, a mão é a metonímia do sexo.

 

Da nuca, foi a mão na cintura, que me tirava os pés do chão; na boca, que me fazia querer (e de fato) mordê-lo; no queixo, que me levantava o rosto para ele usar a língua no colo e pescoço; na barriga, para provocar na entrada do ventre e do cós da calça; nas coxas, para me apertar; nos ossos do quadril, que ficavam proeminentes quando ele forçava contra mim sua maior vontade.

 

Parece óbvio e quase ridículo dizer o quanto mãos são importantes. Óbvio que no sexo vale o mesmo. Mas falo da importância dela antes disso. Não da mão que faz carinho ou só encosta ou da mão que masturba, mas da mão que SEGURA.

 

Uma amiga diz que o único arrepio comparável ao orgasmo é a mão que aperta a coxa ou o joelho quando não se espera. Ela diz que nem precisa ser alguém com que ela esteja saindo, pode ser o colega de trabalho ou um amigo brincando.

 

Há quem goste de mãos delicadas. Eu acho um desperdício (a não ser no cabelo e no cafuné, mas mesmo nele uma segurada na medida vale muito, como já disse). Prefiro a mão intensa, quase dura, e pensar na firmeza do sexo que virá depois. Dela esmagando meus seios e por onde mais queira entrar.

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E… entrei no Tantra https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2013/10/08/e-entrei-no-tantra/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2013/10/08/e-entrei-no-tantra/#comments Tue, 08 Oct 2013 18:59:37 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=262 por Ana

 

Crédito: suckmypixxxel.tumblr.com

 

A primeira vez que ouvi falar sobre o Tantra foi por uma amiga da faculdade. Lembro vagamente de alguns conceitos e de como ela assegurava que conseguia sentir prazer roçando seu braço com o do namorado. Em plena descoberta da minha sexualidade, aquilo me parecia besteira pura.

 

Uma década depois, paguei R$ 400 (este é o preço médio praticado para cerca de 2 horas) para tentar descobrir o que o Tantra é. Foi há duas semanas, meses depois de a ideia me rondar. De um lado, tinha curiosidade óbvia, dados os comentários de que é possível ter 15 orgasmos seguidos (ok, na internet, lê-se de tudo). Do outro, como pressupõe o Tantra, buscava resolver alguns dos meus bloqueios na hora de atingir um orgasmo. Queria uma experiência nova, conhecer meu corpo sem precisar interagir nem satisfazer alguém em troca. Buscava um terapeuta do sexo.

 

Explicar o Tantra não e tarefa fácil. Ao longo dos anos, esta filosofia hindu, que considera o corpo um meio de autoconhecimento, absorveu muitos ensinamentos que dissolveram uma definição única. Em alguns casos, se vulgarizou em simples sessões de sexo, e em outros, se misturou com outras disciplinas como o taoismo ou o ioga.

 

Na essência, o que eu conheci e relato aqui para vocês, é o Tantra como uma terapia que vale-se dos estímulos táteis para potencializar a energia natural do nosso corpo. Essa bioenergia é a via para experimentar novas sensações de prazer que, além de orgasmos, abrem um caminho no nosso modo de perceber.

 

No Tantra, fala-se de conceitos difíceis como “alcançar o estado transcendental da união dos princípios masculino e feminino em sua propagação ao infinito”, mas também que trata-se de uma filosofia vivencial, não contida nos livros, e única para cada pessoa.

 

O primeiro passo é o desafio de escolher um lugar e/ou terapeuta adequado. Eu conhecia um centro de Tantra em São Paulo que oferecia vários tipos de massagens, para iniciados e avançados. O método se divide em quatro níveis, específicos para homens e para mulheres.

 

Eu optei por um que mistura duas coisas. Comecei pela massagem básica, chamada Sensitive, misturada com a Yoni Massagem, focada no órgão genital. Para escolher a que se encaixa para você, o melhor caminho é conversar com a pessoa que te atenderá (geralmente uma mulher no caso dos homens e um homem no caso das mulheres, por isso da polaridade).

 

O centro que escolhi chama-se Metamorfose, com terapeutas espalhados pelo país todo (http://www.centrometamorfose.com.br/). As terapias são baseadas no método Deva Nishok, que entende o Tantra como um caminho para curar disfunções, mudar padrões sexuais e superar limitações e dificuldades na sexualidade. Recusa especificamente que alguém interprete tudo isso como um método masturbatório (e, convenhamos, isso já fazemos em casa).

 

Ufa. Parece pesado demais, mas simplificar seria injusto. E lá fui eu.

 

***

 

Paradoxalmente, esta é, talvez, a experiência mais íntima que contarei neste espaço.

 

Para alguém que não consegue se imaginar sendo tocada tão intimamente por um desconhecido, recomenda-se uma massagem chamada de sensitiva. Simplificando, consiste em uma sessão de carícias  com a ponta dos dedos pelo corpo todo. É a porta, dizem, aos seus chacras e à sua bioenergia. É normal que os músculos reajam a esses estímulos com espasmos, mais ou menos intensos,  mas não me pareceu nada de outro mundo. “Uma experiência gostosa pela qual eu não pagaria”, pensei de cara.

 

Crédito: suckmypixxxel.tumblr.com

 

Reconheço, porém, que uma hora depois daqueles toques, minha pele reagiria a um grão de pé, de tão eletrificada. E foi então que ele subiu um degrau e iniciou uma massagem na área genital.

 

Colocou luvas de látex. Ouvi o pote de lubrificante sendo aberto. Minha cabeça fez “click”. Começou, então, a me massagear desde os peitos até o interior das minhas coxas. O calor da fricção das luvas com minha pele não era exatamente excitante, mas foi uma sensação gostosa que ainda trato de comparar com alguma outra já vivida. E parou por aí a possibilidade de similitudes. Todo o resto do que experimentei na meia hora seguinte não consigo comparar a nada.

 

Ele começou massageando meus grandes lábios, seguidos dos menores e do meu clitóris (desde onde ele nasce, nada ver com o conhecido botão externo). A sensação era única pelo fato de que nem eu, jamais, havia me tocado daquele jeito. Parece difícil explicar, mas tudo aquilo, na minha cabeça, estava mesmo dissociado do sexo. Estava sentindo prazer, sim, eram meus genitais, sim, mas o que eu entendo por sexo não era aquilo. Ele me mostrando o que meu corpo era capaz de sentir, como, com que intensidade e o que provocava em mim. Estava abrindo uma via de comunicação com ele. Tive meu primeiro orgasmo aos cinco minutos.

 

Em meio minuto estava gemendo de novo. Estávamos agora dentro, sem esquecer toda essa pele exterior, recém descoberta, mas focados bem mais adentro. Ele enfiava vários dedos na minha vagina, apalpando suas laterais, até que atingiu o falado ponto G. Eu já tinha tocado e estimulado ele milhões de vezes, também consegui curtir com algum parceiro, mas, mais uma vez, o jeito não sexual que ele tinha de tocá-lo era diferente do que já tinha experimentado.
Na verdade, até quando nos masturbamos, nos guiamos pelos movimentos e os ritmos que nossas experiências sexuais nos ensinaram. É difícil que um homem te masturbe sem tentar imitar com os dedos o que ele gostaria fazer com seu pau. Não que não seja gostoso,  mas ser capaz de esquecer os padrões e escutar o corpo parece, hoje em dia, um truque de mágica. O sexo é algo fabuloso, mas implica tantas coisas que, às vezes, mecanicamente, esquecemos que a natureza da experiência é outra. Que trata-se de dois corpos se conhecendo.

 

Essa estimulação foi tão intensa que fui incapaz de lidar com ela e não consegui gozar. Acho que ali achei uns dos meus bloqueios, o medo de perder o controle. Como se lesse minha mente, ele mudou a técnica e pegou um vibrador. Pequenininho, com um controle remoto. Meu incômodo desapareceu e abri uma porta que não sei agora se serei capaz de fechar.

 

Apenas sentindo a vibração daquele aparelho, os espasmos começaram a ser muito mais fortes. Percorria da virilha aos lábios e dos lábios ao interior da vagina, enquanto eu começava a suar e a me contorcer violentamente. Foram dez minutos, acho, em que fiquei na beira de um precipício. Às vezes, me abordava a compulsão da vida real, de clamar mentalmente pelo orgasmo, pelo êxtase final, até que ele parou e entendi que tudo aquilo tinha sido um superorgasmo.

 

Passei por algo nunca vivido. Depois descobri que isso se chama de orgasmo perene, sem declínio após o clímax. Nos homens também tem nome, orgasmo seco, e pode quebrar os padrões de qualquer um dos meus amigos que acham que não têm nada por descobrir respeito a sua sexualidade. Senhores: existe o orgasmo de pau mole.

 

A imagem que mais se aproxima ao que vivi no Tantra é ser engolido por uma onda em um dia de mar bravo. Você fica nessa corrente, sem respiração, sem possibilidade de sair e acompanhando a agitação do mar até que ele decide te expulsar. Então, você agradece por continuar vivo, mesmo que ainda sem respiração. No caso, a onda era meu corpo cheio de prazer, sequestrando minha cabeça. Era ele quem dominava, e não minha mente, nem minha razão, nem meu medo à perda do controle nem meus preconceitos, nem a lista do supermercado. Desta vez era meu corpo me mostrando o que era capaz de fazer e não o contrário. Ele se comportou como o mar enfurecido.

 

Caí exausta como um náufrago na areia.

 

Deixo para o final o relato de que, durante toda essa experiência, não parei de chorar. Reconheço que pode parecer broxante. Mas não era pena, não foi dor, nem vergonha. Parece que é normal, me disse. Chorei uma única vez em toda a minha vida tendo um orgasmo e senti que liberava toneladas de tensões não resolvidas.

 

Aquela sessão de prazer e lágrimas me limpou inteira. Senti vergonha por não reagir com os gemidos normais a aquele ritual, mas também senti que estava sendo apenas eu.

 

Enquanto escrevo estas linhas, me questiono se alguém pensará que a experiência do Tantra não fica longe da prostituição. Na real, paga-se para que alguém te dê prazer. E fui a primeira em advertir sobre tal dilema. Mas, insisto, aquilo para mim não foi sexo, foi a chave para um conhecimento maior do que meu corpo e eu somos capazes de sentir.

 

E o melhor: há dias que enfrento engarrafamentos, caras feias e pedidos de chefes com a leve lembrança daquela onda de prazer intenso. O que experimentei me lembra do que sou capaz de sentir, e me leva, de imediato, a agradecer por estar viva.

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Sexo com Legião Urbana https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2013/08/28/sexo-com-legiao-urbana/ https://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2013/08/28/sexo-com-legiao-urbana/#comments Wed, 28 Aug 2013 18:50:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/?p=119 por Lia

 

Fazer sexo com trilha sonora é sempre bom. Pode ser divertido, romântico, inspirador, até mesmo prático -serve para abafar gritos ou barulhos se você está em um lugar indiscreto, como uma casa com vizinhos ou um hotel.

 

Fato é que a combinação música e sexo é boa (ok ok, música é boa sempre, sexo idem). Casais adoram ter suas músicas, mas há outras canções que, sempre que escutadas, fazem lembrar daquele sexo ou daquele dia x.

Legião Urbana em 1986
(Nelson Stanisci Junior/Folhapress)

 

E qualquer música pode lembrar sexo, depende do que cada um viveu.

 

Adoro pensar nisso. Que uma música tocando não quer dizer nada para mim, mas pode fazer alguém na minha frente pensar em algo excitante. E adoro quando penso em sexo ao ouvir uma música em um local público (no carro cheio, no restaurante, na mesa de bar) e que me remete a alguém ou a alguma lembrança. E me divirto pensando que as pessoas ao redor não têm a menor ideia do que se passa na minha cabeça.

 

Já ouvi gente dizendo que música desconcentra, não te deixa ouvir o outro. Nunca fui convencida sobre tal teoria. A música lá tocando não quer dizer que você vai prestar atenção mais ao som que ao parceiro. Enfim.

 

Eu sempre adorei Legião Urbana romanticamente falando. Me surpreendi quando senti tesão por causa deles, numa troca de e-mails enquanto um show passava num canal de TV. O jogo surgido era uma conversa sem lógica com versos das canções decoradas por gerações seguidas… Nunca mais me desfiz daquele e-mail (isso é tema de outro post, os e-mails que nunca apagamos).

 

Ele: “Um dia pretendo tentar descobrir”

 

Eu: “Vamos tentar já”

 

Ele: “O mundo anda tão complicado”

 

Eu: “Tá tudo, assim, tão diferente”

 

Ele: “E assim não posso nem me concentrar”

 

Eu: “Mas eu sei que alguma coisa aconteceu”

 

Ele: “Chegou a vez do nosso ritual”

 

Eu: “Muitos tremores nascem…”

 

Ele: “Vamos celebrar Eros e Thanathos”

 

Eu: “Meu coração está com pressa”

 

Ele: “Não vá embora, Fique um pouco mais”

 

Eu: “Temos todo o tempo do mundo”

 

Ele: “Hoje eu quero fazer tudo por você”

 

Eu: [Já sem controle, desistindo dos versos] “Morri. Fim. Só penso em você em mim. Agora.”

 

Ele: “…………..”

 

***

E você, leitor e leitora, nos escreva para contar qual música te lembra sexo! Estamos sempre aqui: blogxdesexo@gmail.com

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