Uma história de sangue, raiva e gozo
“Aconteceu comigo, numa noite de ventinho frio do pré-inverno. Nosso match aconteceu no Tinder, mas isso foi apenas uma coincidência que reforçou nossa atração fatal. Muita atenção para a palavra fatal – não é à toa que a gente usa esse termo sem pensar muito no que ele significa.
Ele era amigo do cara que estava prestes a se casar com uma amigona minha, que viveu uma dessas raras histórias de amor digital que rendem dormir de conchinha e casamentão e tudo. E é o que dizem: amigo de amigo vale, mas amigo do marido da amigona vale ainda mais. Ah, os mitos!
Quando vi aquele cara ali no Tinder, pá, o reconheci, confirmei e, como falei, deu o match. Marcamos nosso primeiro encontro. Eu queria ir com calma, afinal ele não era um total desconhecido e, a bem da verdade, eu não estava em um dia pra dar.
A noite foi até agradável. Conversamos, ficamos, a química das extremidades superiores parecia render. O beijo foi molhado, com mordidinhas sensuais que me deixaram molhada. Cheguei a ir até o banheiro pra me masturbar um pouco, me aquecer ali comigo mesma e voltar rosada pra mesa. Quem sabe eu me animava? Topei deixá-lo subir ao apartamento pra uma taça de vinho, depois de ele ficar insistindo tanto.
Ao entrar em meu condomínio, ele me pediu um tour. Tá. Beleza. Afinal de contas, não basta ser linda e gostosa. A gente tem de superar a vergonha alheia do indivíduo inconveniente com um sorriso estampado no rosto. De preferência, de outra cor que não o amarelo, não é mesmo?
Demos um giro pelo meu condomínio, de certa forma bem equipado, e ele pirou na piscina coberta.
– A gente tem de dar um mergulho a-g-o-r-a!, disse ele, todo animadinho, sugerindo de a gente tirar a roupa ali mesmo.
– De jeito nenhum, tá louco? Eu posso tomar a maior multa.
Ele fez que fez que fiquei com pena daquele pau já entumecido, que eu bem vi. Subi e coloquei o biquíni. Afinal de contas, não basta ser linda, gostosa e sorridente. A gente tem de ser, ainda por cima, aventureira e entrar na piscina à 1 da manhã, com tudo em cima.
Mergulhamos. Não vou dizer que foi ruim. Mas chegou um ponto em que ele queria de todo jeito transar na água. Com câmeras pra tudo quanto é lado, levei o boy ao meu apartamento. Transamos. Só ele gozou, é claro. Porque estamos todas ainda pra ver homens que não sejam infantis o suficiente pra conseguir segurar a onda e fazer o serviço direito.
– Mônica?
– É Laura, eu disse, corrigindo aquela gafe brochante.
Já que a gente estava ali, insinuei de darmos mais uma. Quem sabe dessa vez eu gozasse? Ele resolveu se aventurar pelo oral – mano, sério, vocês precisam melhorar nisso. Fiquei ali, ajudando a criatura a encontrar o ponto certo, quaaase me divertindo, quando:
– VOCÊ TÁ MENSTRUADA?, assim, rígido como um ranzinza zangado.
– Oi?, disse ficando eu mesma rígida, tensa, sem entender se ele estava me avisando, curtindo ou me dando uma bronca mesmo. Em fração de segundos, consegui ainda pensar que ele teria ficado sem jeito, tamanha a indelicadeza. Wrong.
– Sacanagem. Você podia ter me avisado!, ele emendou.
– Buceta sai sangue. Ou você nunca teve aula de Biologia?
– Achei muita sacanagem. Fiquei muito constrangido, ele seguiu, completamente sem noção.
– Sai líquido do seu pinto e eu tenho de ficar de boa, caralho.
Ficamos em silêncio. Nus. Como Adão e Eva quando descobriram que haviam comido da fruta proibida. Pensei em mim. Pensei que aquilo não seria impeditivo do meu gozo. Catei a cabeça do idiota e fiz ele me beijar como estava beijando no início da noite. Tomado de surpresa, ele foi cedendo até me abocanhar pelo corpo todo. Ele me beijava e eu guiava aquela mão até minha buceta: ele ia perder aquele nojinho era agora. Tomada pela raiva, comecei a gozar. Eu urrava, berrava no silêncio daquela madrugada. A respiração dele ofegante. Finalizei com a cabeça dele encaixada na minha xota pré-menstruada. Afinal de contas, não basta ser linda, gostosa, sorridente, aventureira. É preciso ser educadora. Porque homem nenhum vai me dizer que fluidos podem ou não podem sair de mim. #BucetaSaiSangue, fica a hashtag, caralho.”